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Baú de ideias malucas de Rubens Torres
E o artista escolhido para o mês de julho é:
Wassily Kandinsky
Kandinsky é conhecido como o pai do abstracionismo e analisar seus quadros nos permitirá entender um pouco o que é essa tal de arte abstrata.
Primeiro vamos conhecer um pouco da vida de Kandinsky e o que ele representa para a História da Arte. Depois tentaremos entender o que é uma pintura abstrata para finalmente mergulharmos nos quadros desse pintor.
De acordo com o site Infoescola,
"Wassily Kandinsky, o pioneiro do abstracionismo nas Artes Plásticas, nasceu na cidade de Moscou, em 16 de dezembro de 1866. Filho de pais divorciados, ele foi educado pela tia, optando a princípio pela música, que posteriormente refletirá em seu trabalho como pintor, pois ela lhe confere noções essenciais de harmonia e evolução. Kandinsky seguiu inicialmente as trilhas acadêmicas, formou-se em Direito e Economia na Universidade de Moscou, mas logo depois desistiu desta profissão, encontrando finalmente seu destino nas veredas das artes visuais, ao se apaixonar por uma tela de Monet.
O artista começou a estudar pintura em Munique - nesta época considerada como um centro artístico -, na escola de Anton Ažbè, mas Kandinsky desencantou-se com esta prática artística, pois tinha uma predileção especial por paisagens. Suas primeiras obras refletiam um toque musical e expressavam também temas do folclore russo. Nesse período, Kandinsky conheceu o pintor Paul Klee, dando início a uma grande amizade. No ateliê do Professor Von Stuck ele permanece até 1900; um ano depois o artista funda a Phalanx (Falange), um grupo de artistas, entre eles Stern, Hüsgen, Hecker e Klee. Pouco tempo depois esta associação encerra suas atividades por carência de alunos, mas suas sementes frutificam posteriormente com o nascimento da Nova Associação dos Artistas de Munique (NKVM). Nesta mesma ocasião, Kandinsky inova ao pintar sobre vidro, técnica inspirada na cultura da Bavária.
Na etapa ainda figurativa do artista, a tela "O Cavaleiro Azul (1903)" reproduz um personagem dos contos de fadas, imagem muito comum na infância de Kandinsky, simbolizando o combate entre o bem e o mal, luta e transformação. Este tema se repete nesta fase do pintor. Em 1908, retorna a Munique, onde edita o ensaio "Do Espiritual na Arte", em 1911, no qual apresenta a arte como expressão de um imperativo interior. Nesta década, o pintor realiza os primeiros trabalhos não figurativos, tornando-se assim o primeiro artista no Ocidente a criar uma pintura abstrata. Ele libera as artes plásticas das cadeias convencionais a que elas se prendiam. Com sua atitude inovadora, influencia profundamente não só esta esfera, mas vários outros setores artísticos".
Até esse momento, a pintura buscava essencialmente representar o "Real". Paisagens, pessoas, animais, objetos... enfim, tudo o que "existia" no nosso mundo e que podia ser visualizado era representado nos quadros. Com o tempo, foi-se modificando aos poucos a forma de se pintar, o modo de usar as tintas e dar as pinceladas, mas ainda assim o tema dos quadros sempre nasciam do mundo visível. Em Arcimboldo, artista analisado mês passado, por exemplo, até existe uma originalidade na forma de compor seus quadros, mas ainda assim ele busca representar a realidade e o que existe no mundo.
Aumont, em seu livro "A imagem", nos conta que a pintura foi uma das artes que mais demorou a se desvincular do que era considerado mundo real. A música, por exemplo, se libertou muito tempo antes. O homem sempre teve certa dificuldade em abstrair, em criar coisas e ideias novas e que não condizem com a realidade.
Mas a arte chegou finalmente em um momento em que ela se perguntou: por que não podemos manipular as cores, formas e linhas da nossa maneira, criando formas e figuras novas? Esse questionamento surgiu por causa do surgimento da fotografia e cinema, pois eles assumiram a função de "representar o real" (claro que estou sendo simplista, mas no início essa foi a principal forma de encarar o cinema e a fotografia). Então a pintura viu que precisava ir além, percorrer caminhos novos e encarar uma certa liberdade nunca experimentada antes. Aí nasceu a Arte Abstrata.
Mas a liberdade assusta. Já não era mais preciso seguir tantas regras e isso provocou um choque muito grande na Arte, como nos conta Gombrich em "A história da arte". A arte abstrata juntamente com outras tendências surgidas no início do século XX marcaram o início do que veio a ser chamado de Arte Moderna. Nesse momento, surge um rompimento na forma forma de se pensar a pintura. Antes, o artista era quem ditava as regras e significados de sua obra, ele pensava em um tema, criava a composição e a divulgava, enquanto os seus leitores tinham uma atitude passiva, onde buscavam entender "o que o artista quis dizer com seu quadro". Com a Arte Moderna, e, em especial o abstracionismo, isso modificou completamente. O artista até poderia ter um tema, mas as responsabilidade de dar significação a sua obra passou a ser do seu leitor. Assim, cada quadro poderia despertar impressões diferentes dependendo de quem a observasse. O leitor passou a ter uma atitude ativa. Ou pelo menos deveria, porque até hoje isso não foi bem assimilado pelas pessoas em geral.
Ainda somos acostumados a olhar uma imagem buscando alguma referência com o que consideramos Real. Por isso, a arte moderna é ainda muito mal vista e mal assimilada pelas pessoas em geral, porque se você encara um quadro abstrato, por exemplo, sem ter a noção da importância de ter uma postura ativa e de se colocar na pintura, buscando assim a significação, você perde todo o encanto que ela busca despertar. E fica perdido.
Para ler um quadro abstrato é preciso analisar com muito cuidado e atenção tudo o que está representado. São formas retas ou curvas? Cores escuras ou claras? Excesso de elementos em um lado ou tudo está bem distribuído? Tem um nome ou não? Enfim, qualquer detalhe, por menor que seja, é importe para costurarmos a narrativa que essa pintura quer despertar em nós. E na maioria das vezes ela está fundada em sentimentos e oposições básicas do ser humano, como o amor e ódio, guerra e paz, etc.
Finalmente a arte aprendera a representar o mundo subjetivo do homem, seus sentimentos, sensações e desejos.
E é essa a matéria prima básica que Kandinsky utiliza em seus quadros. Deixarei essa pequena amostra do trabalho dele para você tentar ler. Observe com cuidado esses quadros e tente construir em você o significado deles. Não fique aflito, no começo é difícil mesmo. Fica como um exercício, para que na próxima semana continuemos esmiuçando com mais cuidado um dos quadros desse criativo pintor abstrato.
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