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Livro Coletivo - Cap. 5

por ornitorrincoquantico, em 27.08.09

Capitulo 5  - Suspeitas

Roberto Souza

 

 

 

“Você de novo!” pensou Ricardo tão surpreso que nem se lembrou de saldar o médico, este tão a vontade que ofereceu-lhe uma cadeira.

-         Com certeza me acompanharia numa refeição rápida.

-         Tenho de ir ao hospital, minha...

-          Como disse, é rápido – reforçou, com um olhar quase hipnotizante – também tenho meus compromissos, mas primeiro devemos atender direito nosso estômago. Como vi, o senhor não comeu direito.

Ricardo, intrigado com a possibilidade de estar sendo vigiado, acabou por aceitar o convite, e realmente satisfazer seu apetite; sentia que precisava de forças extras .

Sentaram-se de fronte, e fizeram os pedidos. O médico nunca ocultava seu encantador sorriso.

-         E como está sua mãe? Não a vi mais.

-         Está bem,... acho que só foi um susto da idade.

-         Oh, quem diga eu – sorriu novamente -  às vezes acredito que cheguei ao fim da vida, é angustiante! – empolgou-se ao contar as diversas doenças que já tivera.

Ricardo não o encarava, mantia-se cordialmente atento, talvez incomodado. Quando foi surpreendido mais uma vez.

-         O senhor trabalha num banco, não? – disse subtamente

-         Como o senhor sabe?! – falou automático e tenso.

-         A ficha do hospital -  tranqüilizou Salomão, recebendo sorridente a bandeja trazida pelo “Gordo” em pessoa (era quase uma celebridade entre seu meio). – ... Parecem deliciosos! Roger -  elogiou o médico, porém o gordo se voltou a Ricardo.

-         - O senhor não costuma freqüentar aqui.....

Ricardo moveu os olhos friamente os olhos friamente direcionando a ele,  e voltou a fixá-lo em Salomão.

O Gordo sem parecer ofendido, retirou-se dando tapinhas nas costas do medico, que ao acomodar os salgados e refrigerantes na mesa comentou:

-         Ótimo homem, o Roger..... – depois apanhou o petisco – Dizem que isso faz mal ao coração....

-         O Senhor deve saber, é médico, não é? – alfinetou Ricardo de forma estranha.

Dr. Salomão calou o sorriso e o retomou de forma desconcertada, levantando subitamente.

-         Sr. Ricardo, me desculpe, mas estou começando a ficar atrasado... foi uma ótima companhia, obrigado. Não seria mal se eu levasse um para a viagem, infelizmente tenho que ir ... Estimo melhoras a sua mãe... Até a vista. – falou da forma mais amigável possível dirigindo-se a porta.

Agora, junto a duvidas, Ricardo não sentia fome mesmo, tinha certeza que o vigiavam. Este homem com certeza não é médico. Tudo isso deu um nó em seu estômago que o impediu de lembrar de pagar, ou notar que Salomão havia deixado o dinheiro da conta na mesa. Simplesmente saiu.

Ao atravessar a rua, se tocou “Eu não tenho ficha alguma no hospital! Os dados são da Rosana!”.

Seus pés apertavam inquietos no sapato. Um solavanco mental que o perturbou até fisicamente, o deixando trêmulo e tenso. Sentia que estava a beira de um desmaio. Tudo fluía como uma bola de neve que vinha em sua direção “E por que eu?” -  pensava.

 

Entrou no quarto do hospital, lugar pouco aconchegante de paredes verde-água, e quadros de montanhas russas, contudo nada tirava aquela certeza de que era um hospital.  Rosana lia uma revista numa cadeira pouco confortável, enquanto D. Lucia dormia num sono muito profundo.

- Rô! – cochichou.

Ela percebeu e gesticulou para que eles saíssem do quarto. No corredor ambos se falaram.

- Como ela está?

- Bem, acham que é melhor deixa-la em observação, pelo menos 12 horas. Ela tá dormindo ha um tempão, quanto menos ela sinta que está num hospital melhor. Sabe no fundo isso me deu um susto muito grande.

- Não foi nada, é coisa da idade.

- É, eu sei mas, quando a gente vê que está perdendo é que damos o valor necessário. E eu não a trato tão bem quanto ela merece.

- Mas também  nunca a trata mal. Fomos criados assim, sem muita manifestação de afeto.

- É verdade, poderia ser diferente. Com meus filhos será diferente.

      Rosana percebeu ter tocado fundo a ferida do irmão, então entrou no quarto para apanhar suas coisas, e saiu em seguida.

Ricardo agora assumia a companhia da mãe. Quando ela já ia, voltou-se a ele:

- Ah, Ricardo já estava esquecendo, a Claudia veio um pouco antes de você chegar, e disse pra você ligar para ela urgente... Pelo que pude entender, a Isadora causou alguma coisa que envolve fogo na escola, e eles querem falar com você. Ela disse que você é o culpado da menina estar revoltada, os professores devem te achar um monstro.... Que Deus te ajude, hein...

- É, e todos os santos também! – respirou fundo e perguntou banalmente – Veio algum médico chamado Salomão Carlos aqui?

- Bem, não. Só veio um senhor, que tava angustiado com a doença do irmão que precisa de hemodiálise, e queria conversar pra esquecer um pouco.

- Como é que ele era?

- Sei lá, muito alto, careca... deve ter uns 50 anos...

Ricardo assentiu.

- O que vocês conversaram? Ele especulou muito?

- Por que você ta perguntando isso?

- Atoa, só curiosidade.

- A gente falou sobre um monte de coisas relacionadas a doenças, ele perguntou muito sobre a mãe, e ficou contando histórias passadas. Ele era dono de um bingo, muito simpático ele, com um belo sorriso. Cativador.

 

 

Sentado naquela cadeira torta de tonalidade parda, observando a palidez de sua mãe, não sabia o que pensar. Eram tantas coisas que já era para estar acostumado, mas não. Contudo, é bem verdade que de um dia pro outro sua  vida saiu do drama cotidiano, e despertou uma espécie de aventura inacreditável, se é que se podia chamar-se de aventura. Isso no fundo empolgava. Mas os problemas em casa já eram o suficiente para desiludi-lo novamente.

Certamente se ligasse  pra Claudia viriam  mais problemas, por isso não o fez ate agora. Sua cabeça latejava.

Foi ao banheiro do quarto, olhando no espelho, parou imóvel. Há muito tempo não contemplava seu rosto. Os olhos que outrora eram vivos e radiantes, hoje estavam rodeados por orelhas, e não traziam aquele calor que o acompanhou durante a adolescência, o sorriso há muito não tomava-lhe o rosto. Não era o tipo de futuro que imaginou um dia, sabia que tinha o poder de mudar, mas para isso destruiria coisas que considerava importante, mas o que seria mais importante que ele próprio?... Tinha tornado-se um covarde, mas os acontecimentos recentes a seu modo de  ver, serviam como uma espécie de alavanca para dar-lhe uma força maior. Passou-lhe o tempo em que só esperava o dia de sua morte. Com certeza morrerá um dia, e que tipo de história terá pra contar? Duvidas, tristezas, angustias, medos? Tudo por conta dos outros. Já era Hora de mudar isso, fazer sua vida valer a pena, parar de girar ao redor dos outros, fazer os outros girarem ao seu redor. Se não se importar consigo mesmo, quem vai importar?

Seu coração se alegrou com essas reflexões, era tão fácil sair desse buraco, era só dar valor em si mesmo. Desta reflexão até a ação seria um ponto trabalhoso, Ricardo era lerdo em atitudes, mas estava decidido.

Foi interrompido pelo celular tocando, era Claudia.

Mordendo os lábios de ódio desligou.

- Não é coisa boa mesmo... vai só piorar-me ainda mais -  parou no pensamento, e pela primeira vez em muito tempo, deu mais valor em si do que nos outros, isso o animou de algum modo.

Voltou para perto da cama, e num transi olhando sua mãe, decidiu procurar pela tal “Josiane”ou Vanderly. Quando Lucia inconsciente pronunciou:

-  Davi... Ro...

“Do que ela estaria falando?” – concluiu ser um delírio não procurando mais coisas pra se preocupar.

Perambulou pelo hospital, e não encontrando ninguém, foi até a portaria.

- Desculpe, mas eu gostaria de saber se a Josiane trabalha aqui.

- Só um momento – disse uma rapariga com belos cabelos ruivos – Bom, trabalho sim... duas, qual o senhor queria?

- Bom...

- Ah, espere, esta aqui, Josiane Del Porto pediu demissão ontem.

- Deve ser essa mesma! Você poderia dar-me o endereço dela?

- Desculpe, mas é contra a ética do hospital .

- Nem o telefone? E a outra Josiane?

- Não, desculpe .... Se me der licença.

 

Passou o resto do tempo, pensando-se não deveria ir a polícia, contudo  só iria piorar a situação o envolvendo-se  ainda mais com o que nem sabia o que era. Conclui que Cibele com y devia ser algum tipo de código, embora não tivesse nenhum argumento para defender sua idéia,  até pensou em visitar a família de Jéferson, ou dar um jeito de pegar os papeis da Josiane na portaria do hospital. Envolvia-se numa inquietação pertubadora.

Porém,  no momento achou mais viável ir falar com a Cristina, sua chefe, sobre o livro, talvez voltar a falar com o Susi. Era melhor acalentar seu espírito de investigador secreto.

Acabou por dormir mergulhado em pensamentos absurdos. Nem nos sonhos tinha paz...

Depois de relaxar um pouco e dormir quase cinco horas, acordou com beliscões agudos de Rosana.

- Como é bom te ver tranqüilo...

- E, dormir as vezes faz bem. Cadê a mãe? – notou a cama vazia.

- Acabaram de levá-la para fazer exames...

- Você falou com ela?

- Não, estavam levando-a pelo corredor quando eu cheguei... achei os olhos dela tão ralinhos, para quem só estava em observação.

- Não fica pondo coisas na cabeça. Ta tudo bem. Preocupa não... Agora eu vou em casa tomar  um banho, para ir ao banco... e por que não, agüentar um pouquinho da Claudia, né? – brincou com a própria desgraça.

- Boa sorte. Valeu mesmo por ter passado a noite aqui com ela... To te achando meio estranho.

- Como estranho? – interrogou esperando uma resposta positiva.

- Parece meio brincalhão, a tristeza deu uma sumida?

- É talvez... – sorriu internamente.

- Você é a primeira pessoa que acorda feliz depois de passar uma noite no hospital.

Despediram-se, e Ricardo se foi.

No estacionamento do hospital, encontrou no limpador de pára-brisa um bilhete com seu nome. Angustiado por saber que não seria nada agradável, tremeu, desiludindo que fosse uma multa, ainda mais por estar num estacionamento. De nada adiantou aquela luz do sol iluminando um dia que para ele certamente seria escuro. Abriu o bilhete e nele dizia em letras garrafais:

“APAREÇA NA JANELA DO SEU ESCRITÓRIO AS 9:00, SUA VIDA VAI CORRER PERIGO EM BREVE”.

Sua garganta fechou, não havia mais ar... leu e releu o bilhete, procurando inutilmente algo suspeito.

Abriu a porta do carro, sentiu medo de entrar. Imaginava tudo, até bomba. Talvez fosse paranóia, mas era melhor não arriscar.

Cambaleando foi até o ponto de ônibus. Meio vazio de sentimentos esperou quieto e triste. O coletivo chegou em seguida, estava lotado.

Se espremendo em meio ao tumulto, embrenhou-se, junto àquela gente marrom, que exalava odores fétidos sacolejando de um lado para o outro naquele coletivo, que com certeza já teve melhores dias.

Ficou de pé, de frente a uma velha corcunda de chinelo de dedo que comia sofridamente um rocambole, ela não tinha dentes, trazendo em seu colo algumas assustadoras carnaúbas.

Há muito tempo não andava de ônibus. O status de seu emprego, permitia-lhe distância deste “mundo”. Era interessante observar os passageiros, cada um aparentando suas próprias chagas, (algumas realmente enormes).

Em meio a multidão, um homem se aproximou:

- Ricardo? Olá ! Lembra-se de mim?

- Claro! O que houve com seu braço?

 

No banco Francisco atendia um telefonema:

- Não, o Ricardo ainda não chegou... Não, ele não está com uma amante. É que o hospital fica longe... não estou encobrindo ele não... ta ... thau  -  desligou – Puta!

- Nossa Chico, aposto que era a biscate da Claudia, acertei? – disse com ironia a Alexandre.

- Dez pontos pra você! Mulherzinha estressada! Dá nos nervos... Deve ser falta de sexo.

- Ah, isso pode ter certeza que não é. Pode sim.

- Por que? Você ainda anda traçando ela?

- Acredite se quiser... ela é boa na cama, você devia experimentar.

- Dá um tempo! – riscoteou Chico.

- Não,  é verdade, ela sabe fazer até...

- Ei!!!! – gritou Andréa – Me respeite, eu to aqui! E Alexandre, não é legal você ficar ai falando que já catou a mulher dos outros, já pensou se o Ricardo fica sabendo dessa fofoca?

- Quem disse que é fofoca? E se ficar sabendo que se foda, deu trela, eu cato mesmo! Bobeia pra você ver.

Ofendida Andréa lhe deu um tabefe tão forte que marcou seu rosto, e retirou-se da sala.

- Depois dessa, eu pediria pra ir ao banheiro e iria embora... – brincou Chico.

- Toda mulher é igual... primeiro cama, depois tapa.

O telefone tocou. Francisco foi atender quando Andréa entrou abruptamente tirando o monofone de sua mão com violência. Olhou-o firmemente:

- É pra mim!

- Ta legal, não sou tão fã de telefone assim.

Saiu de perto, e junto a Alexandre observavam curiosos.

- Oi... bom dia -  disse desapontada – não, tente ligar mais tarde. Posso sim, 27 de janeiro? Tudo bem... Assim que eu encontrar eu te ligo... thau -  desligou ociosa – Que saco!

- Não era quem você esperava?

- Eu  não esperava ninguém. É um cliente querendo um arquivo velho... Será que a chave do deposito tá com a Susi?

- A responsabilidade é dela... mas não a esbofeteia, pode machuca-la. – disse Alexandre.

 

Andréa foi até o 1º andar atrás de Susi, e a encontrou no balcão ao telefone.

- Está bem doutor... Eu seguirei todas sua anotações...

- Susi! Você ta falando certo? O que houve? – disse surpresa Andréia.

Desligou o telefone assustada.

- No telefone a gente tem de falá mió, né? Sinão fica esquisito.

Andréia deu um sorriso compreensivo.

- Olha, eu preciso da chave do depósito de arquivos, tá com você, não?

- A tá sim. Vamu lá cumigo buscá.

 

Ricardo chegou em casa, ficou feliz ao saber que Claudia havia saído, “momentos de paz”.

As meninas estavam na sala vendo programas infantis com ênfase no erótico, se é que isso é possível!

- Oi amores!

- Oi pai – disseram, Laura calorosa, e Isadora como sempre fria.

- Isadora, o que você aprontou na escola?

- Ela pôs fogo no cabelo da Geralda! – comentou Laura.

- A Professora?!

- É...

- Isadora! Você ficou louca? O que...

Ela jogou o controle da TV pela janela e disse revoltada.

- Já vai começar!? Chega! Não agüento mais! Vai pro quinto dos infernos! Some ! – saiu batendo o pé.

Isso o apertou no coração, sabia que deveria corrigi-la, mas não sabia como. Apesar da revolta da menina se explicar simplesmente pelo fato de ela viver naquela casa.

Tomou um merecido banho. Despediu-se de Laura e foi ao banco de táxi. Com a cabeça cheia de coisas, e olhando o relógio: 8:45. Precisava estar lá em quinze minutos. Mas pra que? E se não fosse? Bem como não tinha muito a perder, decidiu que estaria lá.

Chegando no banco, viu Claudia entrar, a incrível estrutura de platina perdera a magnitude ao encobrir uma pessoa tão ...

Não queria topar com ela, seria outro escândalo em publico, e como já estava com os nervos a flor da pele, não custaria agredi-la.

Entrou sigiloso. Não a viu nos caixas eletrônicos nem nos balcões. Pegou o elevador de serviço e no 3º andar, viu que ela estava em sua sala conversando com alguém.

Já eram 8:55.

- ... Nunca, mas depois daquele dia quase fiquei cega – disse Claudia de uma forma divertida (!).

- Verdade?! -  era a inconfundível voz de Alexandre.

- Nunca, nunca – continuava divertida -  Depois Ricardo saiu com aquela puta da mãe dele, e eu o achei debaixo da mesa, tava lá o tempo todo, pelo eu acho.

- Ah, agora entendi. Esperta você hein? Vamos lá na minha sala, vou passar um fax, quem sabe exista mais um e a gente não sabe né? – disse em tom intrigante.

Claudia e Alexandre a  sala sorridentes, entraram no escritório dele.

Ricardo, na curva do corredor, não pensou em nada, só lhe interessou ir ate a janela. Lá olhou para rua, tinha uma ótima visão da avenida meio movimentada naquele dia que agora começava a se nublar, os outros prédios se acumulavam dando uma leve sensação de claustrofobia, coisa que já estava acostumado. Procurou alguém, qualquer, mas não viu nada de incomum. Ficou olhando um bom tempo, nada diminuía sua expectativa, nem a hipótese de estarem rindo dele em algum lugar, quando do nada surgiu uma elegante mulher de preto, erguendo a mão  e olhando para ele.

Gesticulou para que ele descesse e viesse falar com ela. Seja lá como for, sua vida realmente deveria estar correndo perigo.

Saiu aos pulos do escritório, deparou-se novamente com Alexandre  e Claudia, estes ficaram surpresos ao vê-lo. Já Ricardo às pressas, encarou o amigo, e saiu mudo, mas com um ar ameaçador, foi ao elevador.

- Não creio que era o Ricardo... Isso tudo é estresse aqui do banco?

- Vai se saber. -  comentou Alexandre.

- Será que ele...

Alexandre fez que não com a cabeça, acalentando a mulher.

Apreensão, euforia, medo, tudo misturado acabou por levar Ricardo a calçada, onde olhava fixamente para a mulher do outro lado da rua.

Ela atravessava a rua numa elegância que chamava atenção, a perfeição de seu rosto só foi abalada pelo carro, que de um arranque repentino veio em sua direção, a arremessando longe.

Na terrível cena que acabara de ocorrer Ricardo, correu à moça a amparando nos braços. Poucas pessoas começavam a se aglomerar.  Ela aparentemente desfalecida, usava suas últimas forças.

- Você... deveria ter morrido no lugar... do Jéferson... a brinc...cadeira... você fez aquilo,... você vai...

No labirinto de palavras, Ricardo foi despertado por uma dor que o cortava as costas. E a arma, ainda manchada de sangue, preparava para deferir-lhe outro golpe, quando no reflexo se defedeu com socos repetitivos. Nem sabia o que estava fazendo quando notou estar soqueando uma senhora bem  velha, com um punhal na mão. Dos aglomerados ninguém moveu uma palha para ajudar, apenas observavam ocos.

- O que a senhora está fazendo!?? – gritou ele conferindo o sangue que escorria nas costas.

A senhora em prantos, largou o punhal e pôs a chorar desesperadamente.

- Meu filho... eu amava meu filho... foi você que o matou...

Todos dali ao redor olharam para ele em olhar de condenação. Chocado com tudo que ouvia, voltou-se a moça no chão que agora jazia em paz.

No meio da confusão, algumas pessoas saíram correndo do banco, gritando e assustadas, outras até chorando, ocorrera outro assassinato no banco, agora no depósito de arquivos.

 

Sem saber o que estava acontecendo só lhe passou pela cabeça sair dali, e fugiu, totalmente perturbado, correu como se estivesse sendo perseguido. Com remorso do que não fez, ou o que fez.

Ao virar a esquina, um batalhão de viaturas policiais fechou todos as ruas de acesso ao banco.

Correu duas quadras abaixo, quando parou um veiculo branco na sua frente, e quem dirigia era nada menos que Salomão Carlos.

- Entre Sr. Ricardo! Rápido! Eles acham que você matou o bibliotecário!

 

Sem mais palavras Ricardo desmaiou.

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publicado às 01:41


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