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Baú de ideias malucas de Rubens Torres
Vim a este mundo com um propósito
Todos, aliás
Cada um com sua missão
Cada um com sua sina
Nem todos cientes
Alguns conscientes
Outros perdidos
Mas que há, há
O meu propósito descobri ao acaso
Não lembro o dia, nem a hora
Muito menos o local
Só lembro da voz
A voz doce que sussurrou ao meu ouvido
Qual era
Não estava interessado nisso
Amava e queria resolver as questões do coração
minha preocupação maior
Mas o universo sempre quis me chamar para coisas maiores
para expansão do meu ser
Raios, quero viver
Não quero preocupações
Maiores ainda do que as que tenho
Mas não tem jeito
Sempre me disseram que um dia o chamado vinha
Não acreditava muito
Para mim, era coisa de clérigos
E eu, réles mortal, inseguro e medroso
Não me achava digno
de um propósito.
Mas a gente não apita nada
Somos levados pelas linhas de um roteiro que desconhecemos o teor
mas que trilha nossos passos e permeia nossa existência.
E, enfim, a voz veio
Disse-me
Teu propósito é
Preste muita atenção
Tu veio para tacar fogo no mundo!
Eu? Logo eu?
Com essa missão absurda de incendiar um mundo todo?
Que mundo é esse?
O mundo lá fora? O mundo aqui dentro?
Teu mundo? O mundo dele?
Respostas não tive
No máximo, um sonho, apenas:
Minha cidade, meu bairro
as ruas onde cresci
As casas que conheço de cor
Minha própria casa
Todas
Em chamas
Fumaça a subir pelos ares
Calor, labaredas, chamas
O mais estranho?
Silêncio
Nenhum grito, nenhum pânico
E eu, completamente pacífico
Com a tranquilidade de um bebê brincando em seu berço
Caminhando entre as chamas
Respirando a fumaça
certo que ajuda viria
até chegar em meu lar
e dizer aos meus
Venham para fora, aí já não se pode mais estar
Estendo a mão
Ofereço a calma
Ofereço a paz...
É isso tudo apenas que sei
Quisera eu saber mais
Quisera eu entender mais
Só sei que estou aqui
com um único propósito
Sou fênix
Vim ao mundo para o queimar.
Hoje sou um homem de ação
Não sou mais um menino de quereres
Eu não quero mais
Eu faço
Eu pego
Eu vou
Não há mais espaço para o querer
Querer só o querer bem, agora
De resto, é ação
Eu falo
Eu escrevo
Eu corro
Não é possível mais querer apenas
Querendo nunca se atinge nada
Você só quer, quer, quer...
Já quis muito nessa vida
Tornei-me um ser que quer
Não que tem
Chega!
Quando se está num círculo vicioso
O melhor caminho é aquele que é novo
Nunca antes testado
Aberto
Mesmo que pareça que não é o ideal
Nada é ideal
Mas é um caminho
E no caminho a gente age
A gente corre, percorre, caminha
Caminhando a gente chega
Querendo a gente não chega
Só quer
Hoje sou um ser que faz
Não sou mais criança
Não sou moleque
Cresci, machuquei, levantei, aprendi
Tornei-me um novo ser
Um ser de ação
Repleto de sentimentos
Repleto de ação
Se você passa e não me vê
Não vou ficar querendo
Vou pegar em teu braço
Vou te trazer até mim
Vou sentir tua mão percorrendo minhas costas
Minha boca percorrendo tua face
Mesmo que o instante seja breve
Mesmo que você diga que vai para o norte e caminhe para o sul
Foi o que conquistei
Melhor uma conquista mínima
Uma ação breve
Uma atitude que se esvai rapidamente
Que um querer que não se materializa.
Se você quer e o que você quer
é da sua natureza
A minha natureza é da ação, agora
Sei que assusta
Quem me vê, vê uma brisa serena
Mas quando me ponho em ação
Sou um furacão
E sei que assusta
Eu me assuto
Mas aprendi nos livros que a educação é pela pedra
É pela ação
Por isso, esse sou eu
Agora
Alguém que faz
E de fazer em fazer
uma hora uma casinha ficará pronta
E nela te levarei
Para estar comigo
Tão combatido, jamais vencido
Num dia branco
Para o que der e vier
E nesse dia branco
Se você quiser e vier
Pro que der e vier
Vamos abrir os olhos
Vamos ver
Que eu sou a força que empurra
Você é o muro que protege
E somos um estado de ação
Não de querer
Eu não quero
Eu faço!
- O que foi?
- Nada.
- Aconteceu algo... Você mudou...
- Estou tentando manter a felicidade...
- Triste?
- Não estou triste.
- E essa carinha?
- É resiliência.
- Resi... nossa, você fala difícil.
- Pois é. Sou complexo, né?
- É fofo.
- Gordo?
- Não, doce.
- Boba...
- Te fiz sorrir, pelo menos.
- Te disse, não estou triste.
Se abraçaram, olhando o horizonte e sentindo o vento de chuva. O céu estava maravilhosamente belo, num pôr do sol de cores inimagináveis.
Ela observava o horizonte despreocupadamente. Chovia lá fora. Era preciso sair mas ela não quis, permaneceu imóvel, contemplando a chuva, ouvindo as gotas, sentindo seu corpo...
Seu corpo, antes duro como rocha, aos poucos se tornava maleável. Um raio de vida agora percorria por todo corpo e jorrava uma onda de amor e paz indescritível.
Ela era ela sendo ela e nada mais...
Quero falar com você que me lê no anonimato.
Que me vê passando pela timeline e só observa.
Nenhum like, nenhum share, nenhum comment...
Mas sempre olha
Lê
Observa
Sente
Poderia ocultar, mas não oculta
Poderia bloquear, mas não bloqueia
Poderia nem ler, mas lê
Vê
Ri
Chora
Pensa
Xinga
Questiona
Queria ser assim também, mas não consigo
Sou o seu oposto
Vários likes, vários shares, vários comments...
Se sou provocado, atiro-me
Se sou instigado, mergulho
Se sou desconstruído, rendo-me
É por você e com você que estou aqui agora
Você não é oculto
Revela-se em seu silêncio
Revela-se na trama de algoritmos frios
Revela-se em minh'alma
Quero falar com você, e apenas você
Os outros são importantes, sim
Mas hoje o palco é seu
A tela é sua
O papel é todo seu...
Você também faz parte de minha vida
Mesmo que nunca tenha lhe dito nada
Nem ao menos tenha lhe visto
E se vi, nem esperei, nem falei, nem existi
Saiba que tu também és especial
Tu com tuas limitações, eu com as minhas
Quero falar com você
Talvez seja o único momento nosso
E por isso dedico essas poucas palavras a você
E a nossa amizade que nem sei se pode ser categorizada como tal
Vira e mexe me pego chamando-te de meu amigo
Mas somos amigos?
Tão pouco colegas...
O que somos?
Somos poeira
Pó
Nada...
Trema, sei que estás atrás das cortinas
Tal como alma penada que vaga
Sei de sua existência
E tu da minha
Vamos rir juntos
Somos bobos
Somos tolos
Amo-te também
Não desse amor passageiro que tanto sucesso faz na boca dos asnos
Amo-te de uma forma especial
Tu és único
É ausência que se faz presença
Teu rosto está ali ao lado
Em meio aos outros que são presença
E nesse sublime instante
Em que dedico meu tempo a tentar tocar teu coração
E você dedica teu tempo a ler essas linhas pobres e desniveladas
Sabe-se lá Deus porque
Digo-te
Amo-te
O amor dos anônimos
Que não são anônimos
Que não são amigos
Que não são coisa alguma
Só são
É um amor sublime
Que não pede troca
Embora sempre haja alguma troca
Que não pede devoção
Embora somos de certa forma devotos um do outro
Que não exige
Agora sem embora, porque não se exige mesmo
É feito essencialmente de carinho, respeito e admiração
Não peço-te revelação
Não sou ninguém
Sou lento e pobre
Sinto-me ainda tão imperfeito
Incompleto
Em construção
Ao contrário de você
Que mesmo estando no mesmo barco
Já avançou mais do que eu
Não peço-te nada
Não sou nada
Sou vazio e oco
Sou uma anta e um asno
Jumento
Um burro
Ao contrário de você
Que mesmo estando na mesma reserva ecológica
Já avançou mais do que eu
Escrevo-te, pois só você chega até aqui
Só você me compreende
Só você é razão
E se não há like, não há share, não há comment
Há algo mais profundo
Inimaginável
Inominável
Há o que nos une
Há o que nos dá forma
Há o que nos liga
Há o que permitiu ao destino que de um lado houvesse adição
E do outro aceitação
E hoje somos
Amigos
Amigos?
Somos, apenas
E é para você, por você e com você
Que estas singelas palavras são dirigidas
Porque era chegada a hora de me dirigir a você
E desnudar o anonimato
Para que você saiba
Que estou sempre aqui também
E que sua vida me é cara
Você não estará nos likes abaixo
nem nos comments
muito menos em shares
E quem estiver já é macaco velho do meu terreiro
Já são meus putos
Meus irmãos
Minhas joias
Mas você está ao lado
No meio das bolinhas verdes
Olhando-me vez ou outra ao longo do dia
Julgando-me
Analisando-me
Ou não fazendo nada
Só vê passar
Mas é tão especial quanto
Quando quiseres, estou aqui
Abra uma janela
Envie um cachimbo
E diga
Isto não é um cachimbo
Porque se for para sair das sombras
Das cortinas
Do anonimato
Para dizer
Obviedades
Nem saia
Tu és muito mais
E talvez nem saiba
Pois eu lhe digo
Tu és grande
Tu és um belo cão de guarda
Uma bela garça
Um gato sábio
Um sabiá talentoso
Uma capivara culta
Um universo esplendoroso e mágico
E se chegar o dia do nosso encontro
O dia da dissipação das sombras
Da mudança de estado
Seja por qual janela for
Por qual porta, calçada
Real ou virtual
Se esse dia chegar
E tu não vier só
Vier com Francisco, Luzia
Rosa, Lispector
Pessoa, Drummond
Shakespeare, Pirandello
Kandinski, Warhol
Mozart, Herrmann
Hitchcock, Godard
Garbo, Davis
Christie, Rey
Clara, Maysa
Abelha, Chico
Madalena, Tomé
E qualquer outro da ladainha
Aliás
Se vier conhecendo a ladainha
Convocando-me à devoção
Saiba que nessa hora
Cairei aos teus pés
E terei a certeza que meu tempo não foi em vão
Minhas palavras não foram ao vento
Você mereceu tudo e ainda merece mais
Ao meu anônimo querido
Obrigado por tudo!
Lino Ribeiro
O Ornitorrinco Quântico
Sábado
16 de Maio
2015
Anno Domini Nostri Iesu Christi
Tenho coleção de momentos mágicos, momentos que vivi onde o mais importante foram as sensações e o subjetivo. Do contexto e da conversa, muita coisa se perdeu, ficou o cheiro, a temperatura, a textura, as sensações e os sentimentos. Uma garagem, um show, um metrô, outra garagem, um carro na tempestade e um palco.
Há um filme oriental que diz que quando morremos devemos escolher um único momento para vivermos nele pela eternidade. Se porventura isso fosse real, eu, com meus 31 anos, já teria uma decisão dificílima para resolver. Fora esses momentos há outros também, sem contar os vários outros que ainda viverei.
Por ora, eles ficam guardados em meu coração, os revisito em noites frias e solitárias como a de hoje.
Em algum livro que li dizia que quando lembramos de algo nosso cérebro se comporta como se estivesse acontecendo novamente e por isso seria importante guardar coisas boas e deixar as ruins no limbo e esquecimento.
Creio nisso.
Guardo o que há amor em sua constituição, o resto jogo ao vento para que leve para bem longe. E vou vivendo, sempre atento. A qualquer momento um novo momento mágico pode surgir inesperadamente e preciso ser rápido para arquivá-lo em minha valiosa coleção.
A verdade mais verdadeira que há é que somos todos marionetes da célula mestra, da célula mãe, da célula Eva, aquela que foi o primeiro suspiro de Deus na Terra e surgiu no meio de um oceano vazio de vida. Ela veio sem cérebro, sem ego, sem nada complexo, mas veio com algo mais forte que a força que a fez surgir naquele mar de matéria e substância. Ela veio com uma consciência, uma conscienciazinha bem primitiva e que em nada lembra o que entendemos por consciência hoje. Ela veio com um negócio intraduzível pelas palavras tradicionais do arcabouço científico, ela veio com a capacidade de perceber que era feita de matéria e que de alguma forma ela tinha um algo a mais que toda a matéria em sua volta.
E ela viu, que essa matéria em sua volta, estava em constante mutação. Não havia indivíduo, havia uma massa vibrante de energia, sem antes, nem durante e nem depois.
A pobre célula primordial se assustou. Ela se reconheceu diferente de todo o resto e queria "ser" para sempre, não se diluir naquela loucura toda da matéria. Ela era o supra sumo do universo, como poderia retornar à condição de substância??
Não, algo precisava ser feito! Sua inquietação foi tão grande, mas tão grande, que fez criar um choque de criatividade, que ricocheteou em sua membrana plasmática e fez nascer uma ideia: iria ser imortal. Era seu plano, pra nunca mais retornar ao pó de onde havia estado antes e para ser a rainha da matéria, a líder dos átomos, a governanta do universo.
Mas ela percebeu também que sua carcacinha estava em deterioração, logo logo era o retorno à matéria. Muito em breve ela iria conhecer o processo que hoje conhecemos como morte. Ela ficou aflita, inquieta, um verdadeiro caldeirão de sensações passou a colidir em seu interior, de um modo extremamente insano, até que ela não conseguiu aguentar e explodiu!!
Explodiu, mas não era o seu fim! Ela observou que continuava igual, mas aí viu algo que a assombrou: ela se viu, bem ali na sua frente. Havia outro eu dela. Não estava só. E viu que todo o processo que ela passou, esse seu novo eu também passava. O outro eu também explodiu e, da explosão, outros "eus" foram surgindo. Logo, o mar estava cheio de cópias dela, algumas novas, algumas mais velhas, todas passando por tudo o que ela passou.
Ela então sentiu que seu fim se aproximava, porém entendeu que ela fez uma coisa estupenda. Ela se recriou. Aqueles outros seres à sua frente eram ela também. Conseguiu sua meta, se eternizou. Pelo menos, enquanto o mar de matéria permitisse e não se voltasse contra eles. Ela viu que que não tinha domínio algum de suas cópias, eram todas independentes, mas todas elas estavam fadadas a passar pelo mesmo processo.
Ela sorriu. Estava pronta para retornar ao pó. Sabia que continuaria existindo mesmo não estando ali, e tinha extrema confiança que suas cópias iam ter inteligência suficiente para refinar o processo e o melhorar. E ela disse adeus à sua carcacinha, que retornou à vibração primordial. E suas cópias deram sequencia ao seu legado, até chegar na gente, humanos, que achamos que somos os mestres do universo mas na verdade somos apenas um grande caminhão que transporta o legado e a imortalidade da nossa célula mãe. Ela, sim, a única sábia.
“‘Não desista! Não recuse! Tente! Tente sempre! Nunca fez? Alguém tem que fazer, então que seja você, ou dá certo ou não dá, o que você tem a perder?’"
Frase dita pelo pai de Tatiana Belinky e que a motivou a se tornar escritora
Foto: Tatiana menina com os pais
É demasiadamente estranho olhar para nosso passado, por mais que a gente sempre esteve conosco desde nossa origem. Há um estranhamento entorpecente, uma sequencia de questionamentos nos surge e nos deixa mais tontos que uma barata banhada em detefon.
Pensávamos diferente, agíamos diferente, falávamos diferente, tudo nos parece tão estranho, tal qual sentimos ao olhar um outro alguém. Acho que o mais assustador é saber que esse processo terá continuidade. Um dia olharei para o meu eu de hoje e também acharei estranho. Amanhã serei outro, depois de amanhã outro, mês que vem outro... E não tem fim!!
Aprendemos, apanhamos, choramos, corremos, vivemos... conjugamos todos os verbos possíveis e até mesmo alguns impossíveis e isso vai remodelando nossa matéria. Não só isso, são tantas coisas que nem consigo enumerar a natureza de todas por palavras.
É cada vez mais difícil me encarar frente a frente, encarar minha face e minha alma.Esse encontro de quem eu sou com quem me tornei e com quem eu fui é o encontro mais duro que temos nessa vida. Duro porque é difícil encarar nossa essência, o âmago do nosso espírito.
Hoje acho esse texto lindo, bonito, bem escrito... Amanhã acharei uma droga, mal escrito e raso. Falta tudo, falta estrutura, falta humanidade. O jeito é aproveitar a humanidade que sinto hoje, antes que as palavras envelheçam e meus olhos também.
Tanto tempo sem escrever por aqui, blog totalmente abandonado, resolvi dar uma renovada nele. Mudei tudo!!
Desde que transferi esse blog do Uol pra cá nunca mais mudei seu estilo. Revisitando-o, vi que já tava todo desconfigurado, sem algumas imagens, feio... Joguei fora sem dó nem piedade e nem guardei nada de lembrança porque já não era mais o que era.
Também desde que criei o outro blog praticamente abandonei esse daqui (por consequencia não escrevi mais conto ou ficção alguma). Já não prometo mais nada porque é complicado, meu ritmo é maluco. Mas tô com vontade de escrever, tem várias vozes gritando na minha cabeça, querendo vida em algum plano de expressão.
Vamos ver o que sai agora...
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